domingo, 1 de agosto de 2010

Avenged Sevenfold - Nightmare (2010)

Já confirmada para o dia 11 de Outubro do Woodstock brasileiro em Itu, a banda californiana Avenged Sevenfold lançou no último dia 27 de julho seu 5º álbum de estúdio - Nightmare.


Quando em 28 de dezembro de 2009, a banda perdeu seu magnífico e irreverente baterista Jimmy "The Rev" Sullivan, vítima da combinação explosiva de remédios para dor e álcool, não se acreditava que os caras do Avenged terminassem tão cedo de gravar o álbum que já estava em curso àquele momento. Já que, além de ter sido um tapa na cara de todos na banda que são amigos desde a infância, The Rev tinha um peso muito grande nas composições e arranjos, sendo aquele que gravava alguns vocais e linhas de pianos, fora as idéias. Mas então surge a notícia de que ninguém menos que Mike Portnoy (baterista do Dream Theater) aceitara o convite de gravar as linhas de bateria de The Rev, que era um dos seus maiores fãs. E assim foi... em poucos dias elas ficaram prontas e, pra completar, Mike tatuou o Deathbat no braço, símbolo da banda cuja figura é uma cabeça de caveira com asas de morcego, em homenagem a Jimmy e ao tempo que passou com os caras da banda e em contato com seus fãs.

Vamos ao álbum:

Não vou falar muito profundamente sobre cada música dele, ou então teremos um post quilométrico. Vou falar daquelas que merecem um maior destaque e que traçam realmente o que se esperar desa obra.




Como música de abertura e também a atual de trabalho temos "Nightmare". Metal pesado de primeira qualidade, já de cara pra mostrar que a banda não se rendeu ao jeito fácil de fazer sucesso com o rock mainstream. A música nos faz ter a impressão de estarmos assistindo a um filme de terror daqueles que não vemos a tempos, com menos sangue e mais suspense. A mesma idéia de "Scream" do CD anterior. Um riff pesado e contínuo, estilo Metallica e Pantera marca quase toda a música, deixando de aparecer no refrão mais melódico, onde entram alguns vocais e uma linha de piano bem encaixada.

Passamos por "Welcome to the Family" estilo clássico do Avenged Sevenfold, até lembrando faixas de seus CD's anteriores. Em seguida, "Danger Line" também segue mais ao estilo daquelas do último álbum, com uma introdução mais a la "Afterlife" e "Brompton Cocktail", com uma pitada de "Almost Easy".

Podem falar o que quiserem do que vou dizer agora mas, "Buried Alive" está para o A7X assim como "One" está para o Metallica. Balada no estilo metal clássico que soa como uma homenagem àquelas bandas da década de 80. Até que, por volta dos 5 minutos de música ocorre aquela variação de ritmo saindo da balada e indo para algo mais marcado. Justamente o que me fez vê-la como "One".

Depois tem "Natural Born Killer". Dessa juro que ia passar direto, mas além de me lembrar um filme muito bom com o Woody Harrelson (também já falado neste blog), não tem como não lembrar do DT com Mike Portnoy, já que nesta faixa ele abusa de algumas de suas técnicas de bumbo duplo e com os pratos menores. Destaque para as frases do baixo do Johnny Christ e pros vocais de M. Shadows nos bridges.

"So far away" tem o nome batido de baladas, porém esta é de muito bom gosto e soa sincera. Com um violão muito bem encaixado e com um solo melódico de Synyster Gates lá pro final dá música. Definitivamente o Avenged mostra com esta que sabem fazer baladas também, terreno este onde as bandas de metal costumam se perder um pouco. Como sugestão escutem também "Seize the Day" do City of Evil (álbum).

"God Hates Us" é a música mais pesada do Avenged deste álbum e dos últimos. Com vocais mais trash que apareciam predominantemente no primeiro álbum de 2001 - Sounding the Seventh Trumpet - e quando diminuídos de frequência levaram os fãs a crerem que M. Shadows estava perdendo sua capacidade de executá-los. Pelo visto não é verdade.

"Victim" é outra música mais comedida. O que traça bem o perfil do álbum que ficou no meio-a-meio. Uma bate-e-assopra. Nesta a melodia se destaca dentre as baladas do CD, já que não é muito previsível. Quando se espera um acorde, ouve-se outro que dá um tom diferenciado à canção.

"Tonight The World Dies" lembra certas partes de "Sillyworld" do Stone Sour, uma das melhores músicas desta banda com Corey Taylor (Slipknot). No refrão tem um algo das baladas do Dream Theater (principalmente a frase "Read the writing on the wall" e "Tortured voices as we crawl") enquanto M. Shadows solta a voz. E também conta com um pós-refrão emocionante.

A música seguinte soa diferente de tudo já feito pelo A7X. Algo meio progressivo, com um piano tocado por "The Rev" fazendo cama durante toda a música. Com o nome de "Fiction" (originalmente com o nome de "Death"), esta faixa cria um ambiente meio Tim Burton e foi escrita pelo ex-bateirista. Seu título foi alterado pela banda para "honrar seu irmão morto e refletir a crença de que sua vida era como um livro de ficcção". Com "The Rev" cantando em uma das estrofes, dando um toque especial e ao mesmo tempo mórbido. A última música que ele compôs.

Fechando o álbum, "Save me" com seus 11 minutos tem as melhores e mais desenhadas linhas de Mike Portnoy e também das guitarras de Zack Vengeance e Synyster Gates. A variação de ambientes nesta faixa fecha o clima progressivo iniciado na canção anterior. Também lembra um pouco aquelas mais longas do City of Evil como "Sidewinder" e "Strenght of the World". Alguns vão achar que o fato de Portnoy estar tocando neste álbum me levaram a dizer que existem muitas influências do Dream Theater nestas músicas. Pode até ser. Mas nesta última é inegável que isto seja verdade. Para tanto, peço que o menos informados escutem "Metropolis - Scenes from a Memory" do DT e depois repensem sobre o assunto.

Resumindo: O CD é excelente, bem melhor que o último. Talvez perca um pouco para o City of Evil, mas tudo é uma questão de momento e gosto musical. As influências de Metallica, Pantera, Guns n' Roses e Dream Theater são evidentes durante todo o CD, e esse é o grande trunfo do Avenged Sevenfold já que, apesar de ser possível identificar vários estilos de bandas anteriores em suas músicas, a banda possui um som próprio e original. Algo que atualmente não é tão fácil de se encontrar.

Como de praxe, segue o vídeo de "Nightmare" recém-lançado pela banda.












quarta-feira, 2 de junho de 2010

A Melhor Forma de Envelhecer e Amadurecer (Slash - 2010)

Estou há uns dois meses querendo escrever algo sobre este álbum que foi lançado no dia 06 de Abril e que é fatalmente um dos melhores que escutei nos últimos anos. Pode parecer exagero, mas garanto que não é.

Slash é o álbum solo recém-lançado do guitarrista de mesmo nome e que é amplamente conhecido no show business, não só pelos amantes de Hard Rock, mas sim por todos que tenham seus ouvidos funcionando. Na verdade, nem precisa ter ouvidos para conhecê-lo. Sua marca registrada, a épica cartola e sua cabeleira que o acompanham desde os primeiros anos do Guns, são até mais conhecidos que alguns de seus solos mais tocados no mundo.
Estou aqui exatamente para falar sobre este trabalho, que já era esperado a mais de dois anos, quando do lançamento do seu livro Biografia no fim de 2007, quando ainda excursionava com o Velvet Revolver (que, teoricamente não acabou) com seus companheiros ex-Gunners, Duff McKagan e Matt Sorum, Scott Weiland (hoje de volta ao Stone Temple Pilots) e Dave Kushner na guitarra-base.

Como principal arma para fisgar todos os gostos musicais, Slash chamou artistas de peso do Metal ao Pop, e que se encontram em evidência na cena “mainstream” atual. Fergie (Black-eyed peas), Ozzy Osbourne, Chris Cornell, Iggy Pop e Kid Rock, são apenas alguns dos nomes presentes no seu álbum. Todos os artistas que participam também tiveram parte nas composições, não só das letras como das harmonias em si.

As canções:

O álbum abre com o riff irado e a virada de bateria de “Ghost”, com o vocal potente de Ian Astbury do The Cult. Imagine esta música como se estivéssemos abrindo a porta de um avião, e nos preparando para saltar. A sensação é a mesma da pressão do ar vindo na sua cara, e você sabe que só vai parar lá para o meio do salto, quando você já abriu o pára-quedas. E você começa a se perguntar: “Será que o vai ser bom assim até o fim?”. E será. Porém, com algumas calmarias que caberiam outras metáforas que não a do vôo.

Em seguida temos “Crucify the Dead” com vocal de ninguém menos que Ozzy Osbourne. Confesso que no início não curti tanto a música por não entendê-la da forma correta. Obviamente, depois de uma introdução como a da faixa de introdução, esperava que o ritmo fosse tão frenético quanto. Mas o grande lance de “Crucify the Dead” é o refrão grandioso e aquela que chamamos de “parte diferente da música”. No final das contas é até meio que viciante por causa da voz de Ozzy, principalmente.

Se não fosse pela terceira faixa “Beautiful Dangerous” com Fergie nos vocais, continuaríamos com o refrão da faixa anterior na cabeça por mais uns cinco minutos. Mas não dá tempo. Na verdade, desta faixa prefiro os versos ao refrão, porém o mesmo é grudento demais pra não ficar que nem chiclete no ouvido. Fergie surpreende pela violência da sua voz, e sua identificação com o rock. Mas, o mais legal nessa canção são as guitarras, com os delays distorcidos e a base que é fantástica justamente pela sua simplicidade. Fora aquela frase logo depois da palavra “danger” no refrão. Nota 10 pro Slash nesta faixa em questão de criatividade.

Em seguida vem “Back From Cali” cantada por Myles Kennedy, ex-Alterbridge. Fatalmente uma das melhores vozes do rock de hoje. Não é à toa que a turnê mundial deste álbum provavelmente será cantada por ele. Mas que fique claro que tal turnê terá também músicas antigas do Guns, Velvet Revolver e Alterbridge. O que nos deixa a pergunta de “quantas horas serão necessárias para se fazer um bom show, e que agrade a todos”. Mas este é outro assunto.

“Promise” com Chris Cornell nos vocais é inquestionável quanto a sua qualidade. Apesar de, há não muito tempo ter lançado um dos piores álbuns que já escutei ("Scream" com produção de Timbaland), ele mostra que foi apenas um lapso de decência ao chegar cantando "Promise".

O Riff da introdução é contínuo e nada hard-rock, o que deixa claro a versatilidade de Slash neste álbum. Chris Cornell, que não precisa provar sua voz pra ninguém (e nunca precisou), mostra que faz jus à fama de bom cantor e compositor.

Neste ponto entramos naquela que pra mim é a melhor do álbum. Uma obra prima, que não custaria nada a se tornar clássico, não fosse a ausência de interesse atual pela boa música. Não à toa é a faixa de trabalho. “By The Sword” cantada por Andrew Stockdale, já possui videoclipe e foi apresentada algumas vezes ao vivo. Destaque para o som limpo do riff durante quase toda a música que, apesar de explodir no refrão, possui um solo calmo e totalmente congruente com o resto do som.

Andrew canta e toca na banda Wolfmother que possui um som bastante sessentista, nos remetendo ao Hard Rock de Robert Plant e companhia.

“Gotten” que é a sétima faixa, é cantada por Adam Levine do Maroon 5. Uma balada bem radiofônica, porém bem original com a cara do próprio M5 e o bom gosto do Slash.

Lemmy Kilmister do Motorhead canta “Dr. Alibi” para agradar os fãs mais ortodoxos do rock. A qualidade desta é justamente ser direta e sem frescuras. Assim como manda a cartilha do Rock n’ Roll. Nesta, Lemmy também toca o baixo paletado, o que fica bem nítido nos graves que se escutam.

Axl talvez se remoa um pouco com “Watch This”, já que simboliza a parceria de Guns e Nirvana. Neste instrumental temos Dave Grohl (ex-Nirvana e atual Foo Fighters) na bateria e Duff no baixo. Sempre achei o Slash um ótimo guitarrista, mas sempre duvidei um pouco da sua capacidade de criar músicas instrumentais. Talvez por estar acostumado com mestres como Joe Satriani, Petrucci, Kiko Loureiro, Steve Vai, dentre tantos outros. Mas “Watch This” surpreende a qualquer um, justamente porque nos prender até o fim. Parece que a música tem sempre algo a mais a dizer, e vai assim até o fim. Fora que, convenhamos, que power-trio FODA.


Em seguida temos Kid Rock com “I Hold On”. Eu não curto muito a pessoa Kid Rock, mas não tem como negar que o cara canta muito. Experimente esta balada-country-hard-rock.

Na 11ª casa (lapsos, lapsos...) temos ninguém menos que M. Shadows do Avenged Sevenfold, que atualmente é a maior banda de metalcore (se é que ainda pode-se dizer isso deles), cujo baterista veio a falecer no fim de 2009 por causas não muito divulgadas. “Nothing to Say” é o mais perto que vi do Slash executando um heavy-metal até hoje. Felizmente, não deixou nada a desejar. Destaque para as vozes sobrepostas de M. Shadows, e as bases e solos de guitarra de Slash, que visivelmente foi influenciado pelo Avenged para fazer esta composição.


Uma observação importante é que existe uma faixa que foi gravada porém não está no álbum. Tal faixa possui os mesmo arranjos de “Nothing to Say” porém com o nome “Chains and Shackles” e algum tom abaixo. Além disso é cantada por Nick Oliveri, ex-Queen of the Stone Age. Achei está faixa muito louca. Apesar de ter gostadi, é difícil ser tragada por qualquer um.

Fechando o álbum, temos:

“Starlight” com Myles Kennedy de novo

“Saint is a Sinner Too” com Rocco De Lucca (a segunda melhor música do álbum – ou terceira?)

“We’re All Gonna Die” com Iggy Pop (na mesma linha ortodoxa rock ‘n roll e direta de “Mr. Alibi”)

“Paradise City” versão com participação de Fergie e Cypress Hill – Excelente!!!

“Baby Can’t Drive” com Alice Cooper e Nicole Scherzinger (conhecida pela patys com gosto musical duvidoso por cantar no Pussycat Dolls).

De modo geral, o álbum é uma pérola do tipo que não se faz mais hoje em dia. Slash se reinventou mais uma vez ao mostrar que pode fazer rock ‘n roll da mais alta qualidade com artistas de diversos estilos musicais. Se pudesse, falaria com mais calma e detalhes sobre cada faixa, além das curiosidades que envolveram a gravação de Slash (o álbum, não o guitarrista). Porém seria informação demais, totalmente Googável por você, leitor amante da boa música.

Escute sem moderação.

Fica aqui o clipe de “By The Sword” recém-lançado.